quarta-feira, 22 de abril de 2009




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Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
Eu não sou diferente. Vivo a vida enquanto puder vivê-la. Vivo como se não soubesse por que viver. Sou uma personagem a cada dia. Inauguro um novo espetáculo a cada momento. Nunca me repito e nunca me contratigo. Eu nunca me repito! Jamais minto ou me engano. Sou extremamente frio e calculista. Sou um ator vagando pelas entrelinhas dessas ruas cheias de vazio em que uma sociedade boçal, que não distingue a sabedoria da ignorância, procura no nada tudo o que quer. Tudo que deixo a eles é meu sorriso de piedade. !Eternos ratinhos, em rodas de correr, tentando alcaçar a parte de cima da gaiola!Acredito que os erros de ontem são a munição de amanhã, e perder ou ganhar é somente uma questão de ponto de vista. Tudo é ralativo! Tenho tanto medo de não ter medo que tenho muito medo, mas o que procuro me dá coragem. Não sei o que procuro, mas se soubesse sei que me daria coragem, então sou corajoso. Não admito que me julguem; ninguém, no céu, inferno ou terra, tem aptidão para isso. Sou um filho da metamorfose e sou amorfo. Não tenho personalidade, não tenho caráter. Sou um sem caráter! Isto é o que me torna híbrido: ser feliz na desgraça do ser. A alvitres alheios respondo com desdém: ¿se não sabem de onde vieram e para onde vão, como opiniar na vida de outrem? O que mais me adimira no mundo é a disposição que todo mundo têm para mudar o mundo; mas, desde que surgi neste mundo, o mundo de todo mundo continua igual para todo o mundo. Não ser diferente é o que me faz não ser igual. Não gosto do contemporâneo, tampouco do antiquado; sou contemporaneamente antiquado. Admiro profundamente a bestialidade implantada nos corpos e olhos dessa gente. A futilidade da existência está no auge de sua máxima magnitude. Não condeno. A liberdade é a doutrina mor da burguesia. Sou burguês, mas não sou como eles. Meu pensamento é um lixo, e eu sou um parasita parasitando esse planeta; mas minha consciência, apesar de por egoísmo, sabe quem sou, diferentemente deles, que também acham que sabem quem sou. Sou inominável e incomparável. Querer dizer quem sou é mentir. Então, todas as mentiras que eu digo a meu respeito sempre são verdadeiras, porque eu nunca digo quem sou. A vida não é bela. O homem não é belo. A beleza não é bela. Então por que minha fala deve ser bela? Não deve! Meus palavrões e chingamentos refletem meu estado de espírito. Meu espírito de porco! Não sou hipócrita, posso ser mentiroso, mas jamais hipócrita. Sou odiado pelas minhas verdades; odeio ser amado por minhas mentiras. Queria que o mundo fosse um espelho; o narcisismo que ostento reflete os traços que adimiro e a solidão que idolatro. Sou de poucos amigos. Não acredito na amizade, tudo são trocas de favores, entretanto admiro todos aqueles que são meus amigos. Não sou de fácil convivência; ideais e convicções arraigadas eu subverto, contratigo, contrario, ofendo e humilho. Não sou educado, complacente, respeitoso ou ponderado. Minhas opiniões são minhas, e se elas ofendem quando são ditas, ofenderiam-se a si próprias se não o fossem. Então, entre uma palavra mal colocada em uma situação delicada, ou o abafamento no silêncio eterno de uma frase não dita, prefiro o prazer do choque e da revolta. A conclusão que sempre chego na conclusão é de que nada foi concluído. E nem o deveria ser; sou um ser inacabado que nunca ficará pronto. E pronto.
Agora sou eu.






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